Astigmatismo As obras de ´requalificação` da praça do Divino Espírito Santo, parte integrante do conjunto histórico, que tem como peça principal a centenária igreja, em Vila de Abrantes, Camaçari, seguem ignorando o bom senso e o cuidado com o patrimônio, com a história da cidade, e com o dinheiro público que o poder municipal deveria cumprir como missão constitucional.
Astigmatismo 2 Depois dos alertas da comunidade e de historiadores, repercutidos pelo Camaçarico (Confira), e posteriormente reforçada com a importante ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Camaçari), cobrando do Ministério Público Estadual (MP) a suspensão das obras, debate sobre a necessidade de rediscussão do projeto avança, mas de forma lenta e perigosa.
Astigmatismo 3 Apesar do propósito de continuar com as obras, prefeitura que alega não realizar escavação, portanto não ameaça o sítio arqueológico existente no local, já mostra sinais de recuo após a visita técnica ao local, que reuniu na última terça-feira (1), representantes da OAB, da Igreja, do conselho de cultura, e das seretarias de cultura (Secult) e governo (Segov), além dos responsáveis pela obra.
Astigmatismo 4 A OAB-Camaçari contesta e defende a suspensão dos trabalhos e a realização de estudos por especialistas das universidades federal (UFBA) e estadual (Uneb). Para a OAB, esses atrasos e omissões, patrocinados pela prefeitura, só aumentam os riscos de comprometimento da integridade de importante marco histórico localizado no chamado retângulo da igreja.
Astigmatismo 5 Sem o aval do MP para parar a obra, com custo de R$ 2,5 milhões e previsão de conclusão em julho, atraso termina prejudicando importante trabalho de resgate da memória do município que teve seu processo de fundação no século XVI, justamente nessa área, com a chegada dos jesuítas. Expectativa da OAB, segundo apurou a Coluna, era que o MP fosse além do pedido de informações e, por segurança, recomendasse a suspensão da obra financiada pelo CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina.
Astigmatismo 6 Patrocinado pela prefeitura, esse jogo de empurra conta com o apoio de três estruturas municipais. As secretarias de infraestrutura (Seinfra), financiadora da obra; do desenvolvimento urbano (Sedur), também omissa ao autorizar construção com um alvará que sequer levou em consideração componentes históricos do local e seu entorno. Fecha o cerco a pasta da cultura (Secult), que deveria cuidar do patrimônio e alertar as demais esturturas, mas nada fez.
Astigmatismo 7 A Coluna lembra que é de autoria da Secult o processo de Tombamento da Igreja do Espírito Santo. Iniciado em 2016, processo aprovado semana passada, pelo conselho de cultura do município (CMCC), destaca com fotos e documentos antigos, a área da referida praça como sítio histórico.
Astigmatismo 8 Com sua edição apoiada pela prefeitura, através da lei federal Aldir Blanc, o livro "Do Joanes ao Jacuípe, uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais", do historiador Diego Copque, é outra fonte com informações preciosas que indicam a existência do sitio arqueológico. Reforçam essa necessidade de revisão do projeto da praça, as indicações do instituto do ptrimôio histórico nacional (Iphan).
Astigmatismo 9 Cabe ao alcaide de Camaçari, Antonio Elinaldo (Democratas), decidir se quer prosseguir com o equívoco, ou mandar parar a obra, financiada por um banco de desenvolvimento internacional, e colaborar com a realização dos estudos da área por especialistas. Prosseguir, é gastar dinheiro da municipalidade e avançar sobre outro sítio, o da prática de improbidade administrativa.
O presidente do sindicato dos metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, discorda da nota ´Fora de linha`, postada na Coluna de 1º de junho (Confira). Em seu ´direito de resposta`, publicado na íntegra, abaixo, o dirigente contesta o Camaçarico e garante que apenas exerceu seu direito e sua obrigação de defender os trabalhadores.
Resposta ao site Camaçari Agora
Em virtude de texto publicado no site www.camacariagora.com.br, eu, Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, esclareço que em nenhum momento comemorei as demissões no Complexo Ford. Essa afirmação é falsa, e fruto da desinformação. Com o fechamento da fábrica não há motivo para festejar. Ao contrário, tentamos o tempo todo reverter a situação, para manter a fábrica funcionando. Mas, como isso não foi possível, nós procuramos minimizar o sofrimento dos trabalhadores, conquistando com muita determinação o melhor plano de demissão incentivada do Brasil (que teve adesão de 97% do chão de fábrica), com os melhores valores, garantindo aos funcionários indenização e outros direitos que fazem justiça ao tempo de trabalho na empresa.
Resposta Bonfim, que classifica a nota como sendo uma ´afirmação falsa, fruto da desinformação`, parece que não prestou atenção ao aprovar o material publicitário em que festejava a importância do sindicato nas negociações dos benefícios para os trabalhadores demitidos.
Resposta 2 Como mostram as imagens da peça publicitária, a entidade não apenas festeja ao informar que o “SINDICATO CONQUISTA MELHOR PDI DO BRASIL NA FORD”. Na mesma peça, onde explica ser o “VALOR CORRESPONDENTE AO PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA & RESCISÕES DOS COLABORADORES”, destaca: “+ de 1 BILHÃO INJETADO NA BAHIA”.
Resposta 3 A Coluna, que em nenhum momento contestou a importância da atuação do sindicato no processo de negociação, mostra justamente o equívoco do festejo da entidade com a ´injeção` de R$ 1 bilhão, o equivalente a quase 200 milhões de dólares, na economia baiana.
Resposta 4 Esse é o tipo de comemoração que não cabe sequer em peça ou ação midiática da secretaria da fazenda do estado (Sefaz), estrutura da máquina pública que enxerga os números de forma fria e impessoal. Se usasse, seguramente sofreria críticas por tentar positivar um número que é fruto de uma conta que diminui empregos e multiplica aflições, ainda mais nesse momento de crise econômica potencializada pela pandemia.
Resposta 5 A Coluna reconhece a importância e a luta do sindicato dos metalúrgicos, e do seu presidente Júlio Bonfim, mas lembra que não cabe a uma entidade de trabalhadores destacar como positiva um suposto benefício gerado com o desemprego de mais de 5 mil trabalhadores.
João Leite Filho joaoleite01@gmail.com - Editor
3/6/2021 Fechamento às 19h25
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