Dúvidas O festival de descuidos da gestão de Camaçari com o patrimônio histórico e a memória da cidade ganha mais um capítulo. A mais nova dúvida é sobre o processo de tombamento da Igreja do Espírito Santo, aprovado em 24 de maio, pelo conselho de cultura do município, e confirmado em decreto assinado pelo alcaide Antonio Elinaldo (Democratas) na úlima quinta-feira (15).
Dúvidas 2 Decreto chama a atenção de especialistas a ausência de definição da área no entorno da igreja a ser preservada. De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial do Município, esse tamanho será estabelecido pelo “ Plano de Salvaguarda, onde será traçada uma poligonal delimitando esta área de proteção, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano Municipal, de acordo com a legislação vigente”. Com essa carta na manga, a gestão do alcaide Antonio Elinaldo, que só tem exibido movimentos contrários à preservação do patrimônio histórico de Camaçari, ganha poderes para reduzir ainda mais a área de proteção e de entorno da igreja.
Dúvidas 3 Ainda segundo fontes ouvidas pela Coluna, que aprovaram e consideraram bem feito e detalhado o estudo que resultou no tombamento da igreja, pela museóloga Katia Cunha Melo, essa área de abrangência deveria ter sido definida pela prefeitura, no caso a secretaria de cultura (Secult), responsável pelo projeto, ainda durante o processo de tombamento. Como mostrou o Camaçarico de 20 de maio (Confira), o próprio projeto de tombamento municipal destaca a importância do entorno da igreja.
Dúvidas 4 Cabe agora ao bispo da Diocese de Camaçari, Dom Petrini, ampliar esse debate, sem apagar na sua agenda a questão da praça do Divino. Um desses pontos que preocupam a Paróquia de Abrantes, segundo apurou a Coluna, é a área lateral da igreja, usada pra alojar pontos de vendas de comidas e bebidas. Além da demora comprometer ainda mais a paisagem, religioso viaja em agosto para Roma, onde deve definir seu futuro e ser informado sobre o sucessor do seu posto na Diocese de Camaçari.
Dúvidas 5 A mais nova interrogação nesse histórico retângulo, que tem uma das 10 mais antigas igrejas do Brasil como referência, é sobre o projeto em execução. O Camaçari Agora continua esperando as respostas ao pedido de informações feitas à Corporação Andina de Fomento (CAF), sobre as obras de requalificação na praça da Matriz, em Vila de Abrantes. E-mail enviado na terça-feira (13), ao diretor representante da CAF no Brasil, Jaime Holguin, pede esclarecimentos sobre o projeto em execução, reconhecido por especialistas como uma agressão ao conjunto histórico do local.
Dúvidas 6 A indagação é se o projeto em andamento, com a construção de quiosques e elementos totalmente em desacordo com o projeto apresentado em novembro e mostrado na última edição da Coluna (Confira), foi autorizado pela CAF. Pedido, reforçado em nova correspondência, nesta segunda-feira (19), busca esclarecer se o projeto foi alterado pela prefeitura de Camaçari, sem o consentimento da CAF, ou recebeu o aval da entidade de fomento, também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina.
Dúvidas 7 Nessa lista merece destaque a atuação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Bahia), que avalia desde o início da semana passada um mandado de segurança pedindo a suspensão das obras de requalificação da praça. Documento, enviado à presidência estadual do colegiado, pela OAB-Camaçari, começa a ganhar tons de envelhecimento se somados às duas semanas que o pedido tramitou em Camaçari até ser finalmente enviado para aprecisão e aprovação da OAB estadual, responsável pela apresentação desse tipo de ação.
Certezas Por falar em meio ambiente, preservação e compromisso com a coisa pública, a prefeitura de Camaçari, através de sua pasta do desenvolvimento urbano e meio ambiente (Sedur) continua dando uma de ´joão-sem-braço`, e não esclarece as dúvidas levantadas pelo Camaçari Agora (Confira), sobre as obras de contenção na praia de Busca Vida. Em nota distribuída pela prefeitura, sexta-feira (12), o município atesta os serviços realizados pelo condomínio, mas não dá detalhes sobre o tamanho da obra, prazos, muito menos se manifesta sobre as denúncias dos ambientalistas, preocupados com a obra e o consequente comprometimento do movimento de desova, reprodução e volta para o mar das tartarugas naquele ponto da costa do município.
Lembrança Se depender do deputado estadual Niltinho Junior (PP), o empresário camaçariense Bruno Lima, uma das mais de 600 vítimas fatais da Covid-19 no município, será homenageado com o nome de uma escola. Segundo apurou a Coluna, um Projeto de Lei será apresentado na Assembleia Legislativa, propondo a troca da unidade escolar de Arembepe pelo nome do jovem nativo.
Lembrança 2 Sem entrar no mérito da homenagem, não vai ser fácil promover a mudança. A única escola estadual na localidade é a Nadir Copque, nome dado a educadora que lecionou na região durante muitos anos. As demais escolas, as municipais Lídia Coelho, Giltônia Pereira e Alma Mirim não podem ter seus nomes trocados por decisão da Assembleia Legislativa.
João Leite Filho joaoleite01@gmail.com – Editor
19/7/2021 Fechamento às 17h55
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