O Fogo Simbólico em Camaçari e o descuido com a história
Prefeitura e Legislativo e a importância da Independência da Bahia
Retrato Incluída oficialmente desde 2023 nos festejos pela Independência da Bahia, Camaçari completa mais um ano sem lembrar a data com a magnitude que merece. Festejo pela passagem pelo município do Fogo Simbólico do Recôncavo Norte, na tarde desta segunda-feira (30), fui tudo o que Camaçari planejou para lembrar tão importante momento da história.
Retrato 2 Descuido só não foi total, graças à atuação da secretaria de cultura (Secult) que ajudou a organizar o ´percurso da tocha` no município e assegurou uma programação com apresentações artísticas no Paço Municipal, onde aconteceu o ato principal.
Retrato 3 Ainda que na correria, produziu um vídeo sobre a importância do município nas lutas que culminaram com o 2 de Julho de 1823. Postado nas redes sociais, material da Secult terminou sendo o único registro oficial sobre o que deveria ser uma cobertura ampla de tão importante momento histórico do município.
Retrato 4 Como nos anos anteriores, a contribuição decisiva dos nativos (indígenas), portugueses aliados, mestiços, e negros escravizados e libertos, foi esquecida com ausência de uma programação nas escolas do município.
Retrato 5 Apesar da lei que determina a inclusão da história local no currículo das escolas, a estudantada segue órfão de tão valioso conjunto de informações sobre seus antepassados. Nada de semana de estudos, palestras ou debates sobre a importância da região, com núcleo histórico principal em Vila de Abrantes, nas lutas que encerraram o domínio português há 202 anos.
Retrato 6 Descuido que a Coluna vem cobrando, mesmo antes da oficialização da importância de Camaçari nessa luta, se reforça com a ausência do município, com suas fanfarras de primeira linha, grupos culturais e escolas, no desfile cívico da próxima quarta-feira (2/7), pelas ruas do Centro Histórico de Salvador.
Retrato 7 A ausência de planejamento da data se reforça com a tradicional corrida 2 de Julho, na manhã de quarta-feira (2), pelas ruas da sede do município. As camisetas fornecidas aos participantes, ou qualquer outro material do kit, não fazem referência de forma afirmativa sobre a participação do município nas lutas da Independência.
Retrato 8 As pesquisas e livros do professor, pesquisador e historiador Diego Copque, reposicionando Camaçari na história da Bahia e do Brasil, não deixam dúvidas e mostram a necessidade de revisão de datas. Estudos que mostram a fundação do município 200 anos antes do hoje festejado ano de 1758, não perecem importar para a elite governante municipal, independentemente da cor partidária.
Retrato 9 Infelizmente, a necessidade de contar essa história emociona e contamina apenas a cidade real dos nativos e não nascidos na cidade, comprometidos com os sentimentos de resgate e pertencimento. A expressão “tudo como dantes” dá bem a dimensão desse novo momento onde só a narrativa muda.
Retrato 10 De mãos dadas com o Executivo, Câmara de Vereadores de Camaçari faz a sua parte nesse emperramento ao ignorar a necessidade de revisão da data de fundação da cidade e da sua própria criação. Os dados são públicos e comprovados por farta documentação que mostra a fundação do Aldeamento do Espírito Santo, hoje distrito de Vila de Abrantes, em 29 de maio de 1558, o que coloca Camaçari entre as mais antigas do Brasil, com 477 anos.
Retrato 11 Revisão desse calendário também se aplica de forma singular ao Legislativo. Agora, sob a direção do presidente Niltinho Maturino (PRD), Câmara precisa avançar e sair da discussão miúda do ´time vermelho X time azul`, para a formulação de proposições de reais interesses da cidade. Registos comprovam que a criação da Casa de Câmara e Cadeia ou Paço do Conselho, data de 1758, longe dos 77 anos festejados pelo Legislativo em março.
Retrato 12 O 30 de junho, dia do Fogo Simbólico em Camaçari, é também a virada do ano na sua segunda metade. Data é duplamente simbólica para o governo 04 do alcaide Luiz Caetano (PT) que precisa avançar, corrigir os muitos erros dos 181 primeiros dias e mostrar nos próximos 184 dias do ano um projeto consistente de gestão.
Retrato 13 Para enfrentar o nada confortável, para seu grupo político, ano eleitoral de 2026, o petista vai precisar segurar a tocha e fechar 2025 com histórias reais.
Legenda De autoria do artista Marcelo Gomes, imagem da Coluna é detalhe de uma das esculturas comemorativas do Fogo Simbólico em Camaçari
João Leite Filho joaoleite01@gmail.com – Editor
30/junho/2025 Fechamento: 19h03