Poder e domínio
Não imaginava o quanto de história, cultura, ciência e arte encontraria na sala de espera de um consultório de homogeriatria. Nesse espaço com pessoas na faixa entre 75 a 85 anos o imaginário atribui sentimentos de dor, insatisfação, arrependimento, queixas, no entanto estava a presenciar alegria, entusiasmo, vontade de viver e produzir. Continuar sendo útil à sociedade. Assim, reencontrei Aníbal Vasconcelos (84) e Sócrates Barbosa (85), ambos filósofos, mestres e doutores em antropologia pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América e em Hastin na Áustria, respectivamente.
O Dr. Aníbal relembra uma visita que fez ao Peru, quando conheceu histórias relacionadas a sua santidade o Papa Francisco, na época reverendo numa pequena cidade, nas proximidades da capital Lima. Sentados na calçada, o padre Brígido assenta a criação do universo (na época os humanos acreditavam que se restringia à terra), no sentido que os seres pudessem conviver em harmonia entre si, a fauna, flora e fontes de energias naturais a exemplo dos mares, rios, lagoas, ventos etc. Um quadro polêmico embora rico em narrativa.
Deus criou um mundo perfeito, deixou que o comportamento humano regesse, com autonomia seu destino, apenas colocou à disposição os meios para tanto. No entanto, os seres humanos passaram a estabelecer mecanismos de exploração dos bens naturais, assim como subordinar outros com menor capacidade de criação e produção de bens.
Para promover a correção de rumo o Senhor do Universo enviou seu filho para conter a trajetória, promover a distribuição equitativa das oportunidades, de maneira que o mínimo necessário não faltasse para uma vida digna, princípio de amor e fraternidade entre os seres animais, sem abdicar dos critérios da justiça.
O Santo Padre chegou a afirmar que Jesus tinha um sentimento ideológico bem definido. Promover a conscientização da necessidade de preservar a vida no contexto de convivência com os bens naturais e acesso ao bem comum essencial para todos.
Assim se compreendia os princípios da estratégia, sedimentada por Karl Marx, filósofo e economista alemão, ao definir as linhas básicas do Marxismo, o processo de transição com o socialismo e alcançar o sistema comunista em contraponto com o sentimento da hegemonia do capital como roda precursora do desenvolvimento socioeconômico do mundo terreno.
Segundo o Dr. Sócrates, o mundo terráqueo não alcançará a hegemonia de nenhum dos sentimentos ideológicos em suas características extremas em função das periodicidades do exercício do poder. Seja por alternâncias regimentais, por confronto entre as classes ou por investidas de forças armadas. Mas ainda, pela limitação de tempo de vida dos seres humanos.
A cada geração novos conceitos são acrescentados visando aperfeiçoar os sistemas ou mesmo para satisfazer a ansiedade de pequenos grupos dominantes. Nesse sentido, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia contribui de maneira voraz. No entanto, a tendência é de equilíbrio entre as ideologias, condicionando os extremos.
O Dr. Sócrates, em sua sabedoria, critica a ignorância ideológica da humanidade, a insensatez pela não convivência harmônica com os racionais e irracionais, vegetais, bens naturais, comprometendo a qualidade de vida, o bem-estar e a existência.
Que DEUS e os Orixás nos protejam e iluminem a humanidade
Adelmo Borges dos Santos adelmook@gmail.com
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12/julho/2025