A ampliação do Bolsa Família e de outros programas sociais de transferência de renda ajudaram a segurar a desigualdade no Brasil que não registrou queda entre 2022 e 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de Gini - indicador que mede a desigualdade de renda, numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de riqueza -, ficou em 0,518 em 2023, o mesmo valor registrado no ano anterior. Isso foi conseguido principalmente por conta do Bolsa Família.
O levantamento mostra que a proporção de domicílios do País com algum beneficiário do programa saltou de 16,9% em 2022 para 19% em 2023, um novo recorde. Porém, considerando apenas a renda de todos os trabalhos, sem outros rendimentos – rubrica onde entram os benefícios sociais -, o índice de Gini aponta um crescimento da desigualdade: subiu 0,486 para 0,494.
Segundo os dados do IBGE, as regiões Norte e Nordeste foram as que tiveram redução mais expressiva na concentração de renda na comparação com os últimos dois anos. A região Norte teve queda de 1,7% em relação ao ano passado, enquanto o Nordeste apresentou um recuo foi de 1,5% na comparação com 2022. Mesmo assim, o Nordeste segue liderando o ranking, com a Paraíba no topo da escala de desigualdade. .
A região Sul voltou a registrar na pesquisa a menor a taxa de concentração de renda. A região também apurou uma melhor, porém mais tímida, de 0,8% entre 2022 e 2023, puxada por Santa Catarina. O estado é o menor em desigualdade de renda no País. Já a região Sudeste subiu 0,5% de um ano para outro, enquanto o Centro-Oeste permaneceu estável.
A pesquisa do IBGE mostra também que as famílias brasileiras conseguiram em 2023 ultrapassar o patamar de renda perdido durante o período de covid-19 e registrar um novo recorde. Com a retomada da economia e os programas de transferência de renda, a massa de renda domiciliar per capita do brasileiro foi a maior da série histórica e ultrapassou em R$ 49 bilhões o nível registrado em 2019, antes da pandemia.
A massa de rendimento mensal real domiciliar per capita - soma de toda a remuneração das famílias, do trabalho, de fontes formais e informais, incluindo apoios pagos pelo governo, como bolsas e aposentadoria - totalizou R$ 398,3 bilhões, o que corresponde a um aumento de 12,2% frente ao ano anterior e de 9,1% na comparação com 2019.
Por dia, em média, o rendimento da camada mais pobre da população ficou em R$ 17,50 no ano passado, ante R$ 15,60 em 2022. A maior cifra foi registrada no Sul, de R$ 26 por dia, enquanto a menor foi no Nordeste, de R$ 11,4 por dia. Segundo o IBGE, contribuíram para o aumento de renda o valor maior do programa Bolsa Família ao longo do ano, a melhora no mercado de trabalho e o aumento real do salário mínimo.
Levando em conta os valores pagos aos trabalhadores por todas as fontes - trabalho e outros rendimentos -, a renda média mensal no Brasil ficou em R$ 2.846, crescimento de 7,5% em relação a 2022, e de 0,4% contra 2019, se aproximando do valor máximo da série histórica, em 2014, de R$ 2.850,00.