O número de homicídios de mulheres, negros, indígenas e da população LGBTQIA+ aumentou entre 2020 e 2021. O alerta é do Atlas da Violência 2023, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e divulgado ontem.
De acordo com o levantamento, oito em cada 10 vítimas de assassinato, em 2021, eram negras, uma taxa de mortes três vezes maior do que a média brasileira. Ao todo, negros — considerando a soma de pretos e pardos — foram 79% dos 47,8 mil homicídios naquele ano, conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em números gerais, a taxa de assassinatos recuou 18,3% entre 2011 e 2021, quando foram registrados oficialmente 616.095 homicídios. Os 47.847 crimes contra a vida registrados em 2021 pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, apontam para uma taxa de 22,4 mortes por 100 mil habitantes — a segunda menor marca da série histórica, atrás apenas dos índices de 2011.
O levantamento apontou ainda que, em 2019 e em 2020, houve um aumento da taxa de assassinatos de indígenas. A violência letal contra os povos originários aumentou de 18,3 homicídios por 100 mil, em 2019, para 18,8/100 mil (2020) e 19,2/100 mil (2021).
No caso dos assassinatos de mulheres, houve um aumento de 0,3% entre 2020 e 2021. No mesmo período, houve redução de 2,8% na taxa de homicídios das não negras. Em 2021, 2,6 mil negras foram mortas, o que representa 67,4% do total de mulheres assassinadas. São 4,3 vítimas por grupo de 100 mil, índice 79% superior ao das mulheres não negras.
A violência contra a comunidade LGBTQIA+ também aumentou entre 2020 e 2021. Os casos de agressão física e psicológica cresceram 14,6%, enquanto a taxa contra bissexuais subiu 50,3% entre os dois anos. Em relação à população trans e aos travestis, a violência física aumentou 9,5% e a psicológica, 20,4%.