Essa é uma máxima que não pode ser desprezada. Mas cada caso tem as suas especificidades. Este ano estamos vivendo um processo eleitoral diferenciado.
Pela primeira vez após a redemocratização temos uma eleição em que dois personagens que estiveram na presidência se enfrentam - Lula e Jair Bolsonaro. Bolsonaro está no cargo neste momento e usa de todas as manobras possíveis e até inimagináveis para permanecer no cargo. Já deu para perceber que Jair Messias Bolsonaro não tem pudor algum quando o assunto é reeleição.
De ameaça às instituições democráticas a medidas populistas que colocam em risco a já frágil situação econômica do país - com retirada de impostos sobre combustíveis - Bolsonaro joga trapaceando e não se envergonha disso. Mesmo sendo confrontado com escândalos de corrupção no seu governo, posa de honesto em meio a figuras marcadas por suspeitas, investigações e condenações.
Para não desfiar um rosário de nomes, citarei apenas o presidente do seu partido, deputado federal Waldemar da Costa Neto (PL), preso em 2012 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão. Hoje seu principal aliado.
Lula, seu principal adversário e ex-presidente é santo do pau oco. Teve seus processos anulados mas não está livre de culpa nos casos em que foi acusado de corrupção. Vai ser confrontado com os escândalos que o levaram ao banco dos réus. Ao contrário de Bolsonaro e com a esperteza política que tem, não fica tocando na ferida, nem apontando o dedo para acusar os outros de roubalheiras.
Para Lula, cada dia é uma agonia que precisa ser vencida com a paciência de Jó. Seu maior adversário é o time. Faltando menos de 100 dias para o 1º turno, as horas passadas significam conquistas de espaços no territórios do inimigo. Líder nas principais pesquisas e vendo o cenário cristalizado chegar ao dia da eleição nesta situação é o melhor dos mundos para o petista.
Bolsonaro ainda não entendeu isso e produz por minuto, ruídos que denunciam sua presença diante do inimigo e vira alvo fácil para ser atingido. Corre perigo por achar que é imorrível e que só Deus o tirará do poder. Esquece que errar é humano, mas insistir no erro é burrice. Em política o time pode jogar a favor ou contra, depende de como o jogo é jogado.
Tenta resolver problemas econômicos com equações políticas que visam apenas lhe beneficiar eleitoralmente. Suas bravatas servem apenas para agitar o rebanho que lhe segue e criar factóides para tentar desviar a atenção dos incautos cidadãos.
Agora vai enfrentar a CPI do MEC e tudo indica que seu desgaste vai aumentar ainda mais. Enquanto Lula olha pro cronômetro, torcendo para que chegue logo o tão esperado dia 2 de outubro. Afinal, eleição se ganha no dia.
José Américo Moreira da Silva zamerico1961@gmail.com é jornalista, publicitário, baiano radicado em Brasília
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