Ontem (18/9), recebi vários cumprimentos pessoais e mensagens via telefone, WhatsApp e Instagram, pela passagem do “Dia do Médico”, data que no Brasil se homenageia o trabalho do médico que deve ser por vezes curar, muitas vezes aliviar e sempre consolar o paciente e seus familiares, mesmo com as dificuldades de falta de recursos e estrutura em muitos estabelecimentos de saúde do Brasil.
Durante à noite, fiz uma reflexão sobre a questão do trabalho médico e o bom exercício da medicina, que exige uma boa relação médico paciente, estabelecida através de confiança, responsabilidade e sinceridade, com direitos e deveres do paciente e do médico.
Sei que o diagnóstico certo é a primeira etapa para o paciente receber o tratamento correto. Mas, também sei de que a cada sete diagnósticos realizados, um está errado. Médicos são humanos e podem falhar. Medicina é difícil, principalmente por ser uma ciência, uma arte e ter uma magia.
Você pode ajudar o seu médico a fazer diagnósticos corretos, tomando determinadas atitudes durante uma consulta. Veja como: conte de forma verdadeira a sua historia, relatando suas queixas, seus sintomas, se realizou alguma cirurgia, se já teve algum internamento, quais medicações está usando. Fale sobre suas preocupações e suas expectativas. Confirme se o médico compreendeu toda sua história, assim como se ele realizou o exame do seu corpo, se verificou sua pressão arterial, contou sua pulsação, auscultou seu coração e seus pulmões, principalmente se for sua primeira consulta. Quando ele solicitar exames, tire suas dúvidas: porque tantos? São necessários? Eles vão ajudar no meu diagnóstico ou no meu tratamento? Qual a urgência para realizar esses exames? Onde realizar? Importante você entender seu diagnóstico, então faça perguntas para saber o que você tem e seguir as orientações recebidas. Caso não se sinta seguro com as respostas, procure uma segunda opinião, principalmente se não melhorar ou piorar o seu quadro. Cada pessoa é a principal responsável pela sua saúde.
Previsto na Declaração de Genebra 1948, revista em 2017, o juramento médico diz que o médico não pode ter preconceitos em relação à classe social, cor da pele, política, religião ou orientação sexual de seus pacientes. Quantas vezes ouvimos queixas de pacientes que sequer tiveram seus rostos olhados pelo médico durante uma consulta?
O médico deve ter um olhar além da doença física ou mental. Deve procurar entender cada aflição e responder os questionamentos numa linguagem clara para que seus pacientes e familiares entendam. O médico não deve superestimar a tecnologia, que a cada dia apresenta equipamentos sofisticados, porém inanimados. Nada substitui o toque humano que transmite confiança e segurança em todos que recebem o toque, o contato físico. O médico deve se emocionar de forma sincera com a evolução clínica e conquistas do seu paciente, assim como sofrer com cada perda.
Também sei que nos dias de hoje o médico para exercer a profissão necessita obedecer a protocolos clínicos e que a relação médico paciente foi estabelecida pela legislação como uma relação de consumo, sujeita a inúmeras ações judiciais, além de enfrentar a precariedade do vínculo trabalhista nos seus contratos com cooperativas, organizações sociais e outros tipos de empresas.
Enfim, o médico deve lutar pela vida de outros, como se fosse a sua, pois desta forma, estará honrando a tradição da medicina. O médico deve saber que não existem doenças e sim doentes, e é fundamental para a prática médica, assim como gostar de gente e aplicar todo seu conhecimento com atenção, tranquilidade e respeito em todo e qualquer atendimento de pessoas que o procuram profissionalmente.
Luiz Duplat duplat.luiz@hotmail.com Instagram @drduplate é médico obstetra e do programa Saúde da Família e subsecretário de Saúde de Camaçari