Diferente de boa parte do empresariado que vem congelando investimentos, o setor de supermercados não deve recuar nas inaugurações e contratações previstas até o fim do ano. Por causa da pandemia, as vendas do varejo caíram 2,8% em março e 16,3% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, houve recuperação de 13,9%, insuficiente para repor as perdas, mas impulsionada, em boa parte, pelas vendas feitas em supermercados, que cresceram 14,3% naquele mês.
Por prestarem um serviço considerado essencial, os supermercados tiveram a vantagem de permanecerem abertos durante a quarentena e também foram beneficiados pelo auxílio emergencial de R$ 600 para desempregados e trabalhadores informais de baixa renda, cujo destino principal foi a compra de alimentos, artigos de higiene e medicamentos.
Além disso, o setor alimentar teve o melhor resultado para o mês de maio em contratações desde 2010. O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Ronaldo dos Santos pondera que os supermercados devem notar uma queda nos negócios à medida que a reabertura do comércio se consolidar. O setor caiu de 0,4% em junho, ante o mesmo período de 2019, após ter tido alta de 12,3% em maio, segundo dados exclusivos obtidos pelo Estadão. “O setor já esperava uma retração nas vendas devido ao aumento do desemprego, o que obriga os consumidores a serem mais seletivos.”
Para contornar a perda de renda do consumidor, as empresas apostam em novos modelos de lojas, prêmios e promoções.
“Ainda há muita incerteza quanto aos desdobramentos da pandemia, mas nossos planos de investimento não mudaram”, diz Stéphane Engelhard, vice-presidente de relações institucionais do Grupo Carrefour Brasil. Além da expansão no varejo, a expectativa é que o grupo mantenha a previsão de abrir 20 unidades do Atacadão ainda este ano, segundo o executivo.
Já o GPA deve encerrar o ano com mais 19 lojas do Assaí, sendo 4 em agosto. Também estão previstas inaugurações de até cinco unidades do Pão de Açúcar e mais dez do Minuto Pão de Açúcar, além de outras 50 reformas e conversões. Estadão