A quantidade de filhos termina reduzindo o salário das mulheres. Uma brasileira com 3 ou mais filhos recebe até 40% menos que uma colega que não é mãe. Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Levantamento feito pela consultoria IDados aponta que enquanto mulheres sem filhos ganham em média R$ 2.115 por mês, esse valor cai 24% quando a trabalhadora tem o 1º filho. Se a família crescer e o número de crianças chegar a 3 ou mais, a queda no rendimento é de quase 40%.
Para diminuir distorções, o levantamento considerou trabalhadoras de 25 a 35 anos e casadas. Nesse grupo, as que têm filhos são a maioria no mercado de trabalho. No primeiro semestre, elas somavam 2,92 milhões de trabalhadoras, contra 1,36 milhão das que não são mães.
Quando aumenta o número de filhos, todas as questões que normalmente pesam para uma mulher vão se acumulando, diz o economista do Ibre/FGV e pesquisador do IDados, Bruno Ottoni. “Há desde problemas ligados ao preconceito, quando o chefe acha que ela vai se dedicar menos ao emprego, aos empregadores que não querem reorganizar a equipe para as mudanças que uma gravidez e filhos pequenos provocam.”
Ele cita, ainda, que grande parte do problema se deve à falta de políticas públicas pensadas para manter a mulher no mercado de trabalho. O Brasil terminou o ano de 2017 com menos da metade das crianças de zero a três anos matriculadas em creches em todos os Estados. Só 32,7% das que estão nessa faixa etária são atendidas, segundo o IBGE.
Uma pesquisa da consultoria LCA, também feita a partir de dados da Pnad, aponta que as mulheres eram a maioria entre os desalentados, os trabalhadores que desistiram de procurar por um novo emprego. Estadão